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O potencial consumidor da terceira idade

Com o aumento da expectativa de vida e da renda disponível, a terceira idade é hoje a faixa etária com maior crescimento no Brasil. Apesar do potencial, são ainda poucas empresas que enxergaram este nicho de mercado, assim como as oportunidades que podem oferecer.

Enfim, boas novas aos aposentados e pensionistas. Além da antecipação da primeira parcela do 13° salário, despejando quase 7 bilhões de reais na economia, há a possibilidade de aumentos reais atrelados à variação do PIB dos dois últimos anos. A proposta, que precisa ser aprovada no Congresso, prevê que o ganho real será ao redor de 2,55% em 2010, o que somado à reposição da inflação chegaria a um reajuste de quase 6%.

Estas notícias colocaram foco sobre este grupo heterogêneo, formado por aqueles que já completaram 60 anos. Composto por 15 milhões de pessoas ou 14% da população adulta, são responsáveis por mais de 47 milhões de domicílios. Com renda média de R$ 866 reais, são formadores de opinião das famílias, decidindo ou influenciando as decisões de compras.

O avanço da medicina e a melhoria da qualidade de vida fizeram com que a expectativa de vida do brasileiro chegasse aos 72 anos, avançando 17 anos desde 1960. Ainda estamos longe de países como o Japão, onde a expectativa é de 82 anos, porém um pouco melhores que os 67 da média mundial. Tudo indica que em 2020 sejam mais de 30 milhões de brasileiros neste grupo. Ou seja, o dobro do que temos hoje!

Apesar das evidências, são poucas as empresas que exploram este nicho de mercado de maneira consistente e adequada, com produtos e serviços especialmente desenhados para esta parcela da população. Analisando-se as variáveis do mix de marketing – produto, praça, promoção e preço – percebe-se a utilização com frequência das duas últimas, adequando-se à oferta existente.

Pacotes turísticos e cruzeiros em baixa temporada, cursos e faculdades da terceira idade, cartões de desconto em farmácias e drogarias, são alguns exemplos. Convenientes por oferecer condições de preços especiais em períodos com baixa demanda, ajudam a cobrir os custos fixos envolvidos na operação. Em sua maioria a mesma oferta de serviços, sem maiores adequações as necessidades desta fase da vida.

Ter mais dificuldades para ler, apresentar movimentos mais lentos, lembrar com menos acuracidade dos fatos presentes e andar mais devagar são consequências inexoráveis da idade. Entretanto, isso pode ser visto como uma oportunidade imensa para as empresas desenvolverem as duas primeiras variáveis do mix de marketing – produto e praça – sem ter que recorrer apenas a descontos e promoções.

Um bom exemplo do potencial destes consumidores é o campo tecnológico. A exclusão digital, tão comentada nos dias de hoje, não se aplica somente às camadas mais carentes da população. Grande parte dos idosos não teve acesso à tecnologia enquanto estavam no mercado de trabalho.

Produzir computadores com programas mais simples, celulares com dígitos maiores, porta remédios que avisem à hora de tomá-los, fechaduras que se abram utilizando as impressões digitais, carros com mostradores mais fáceis de enxergar e tantas outras adequações a este público já estão nos planos de diversos fabricantes mundiais.

Criar produtos que possam eliminar a barreira entre as gerações pode gerar lucros atuais e potenciais para as empresas que o fizerem. Somado a isso estará o valor da vantagem competitiva gerada pelo pioneirismo.

Talvez ainda não tenhamos no Brasil as mesmas oportunidades de países como os Estados Unidos, o qual conta com uma geração denominada de baby boomers. Nascidos após a 2° guerra, compõem um universo de 74 milhões de pessoas, cuja renda anual chega a impressionantes U$ 157 mil dólares. Estes boomers são responsáveis pela compra de 48% dos carros de luxo e ocupam 70% das vagas em cruzeiros.

No nosso país, a economia estável pós-real criou instrumentos para que uma geração possa planejar sua aposentadoria. São hoje mais de 155 bilhões de reais investidos em planos de previdência privada e complementar, com quase 15 milhões de investidores.

Quem sabe em 2020, grande parte dos 30 milhões de aposentados e pensionistas possa gozar da qualidade de vida e do padrão de consumo dos boomers americanos. Sorte de quem planejou, acreditou e investiu neste poderoso grupo.

Marcos Morita é mestre em administração de empresas e professor das disciplinas de planejamento estratégico e gestão de serviços na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É executivo há 15 anos em multinacionais, com experiência em canais indiretos de vendas, lançamento de produtos, criação de novos negócios e programas de fidelidade

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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