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Seis dicas para melhorar uma crise com o público interno de uma empresa

resultados-03O que Freddy Krueger, Jason e Chucky, famosos personagens de filmes de terror, têm em comum com o dia a dia que muitos colaboradores vivem hoje nas corporações? Exageros a parte, o fato é que o mar não está para peixe em escritórios e fábricas brasileiras, passada a ressaca da Copa. Férias coletivas fora de hora, planos de reestruturação, demissões involuntárias, corte de despesas, cancelamento de benefícios e o eterno medo de quando virá o temido facão.

Neste cenário cinza é difícil manter o moral e a motivação da equipe, o que poderá influenciar os contatos com o público externo, comprometendo a qualidade da entrega e do atendimento. Em um momento em que a perda de um cliente para a concorrência pode ser crucial, trago seis dicas para amenizar a situação.

1 – Seja o mais transparente, dentro do possível e do permitido. Compartilhe os resultados e principais indicadores da empresa: vendas, despesas, lucratividade, níveis de estoque, participação de mercado, funil de oportunidades. É ingênuo imaginar que os níveis hierárquicos mais baixos não compreendam jargões de negócio. Todo mundo sabe que quando falta água na represa é preciso racionar e economizar, até que voltem as chuvas. Utilize exemplos, gráficos e histórias para explicar e envolvê-los, colocando todos no mesmo barco.

2 – Uma vez visitando um cliente deparei-me com uma cena surreal. Em sua sala de treinamento, a qual me mostrava com orgulho, só havia carteiras para canhotos. Quando indagado, disse que havia aproveitado uma oferta tentadora, mesmo que a maioria fosse destro. Moral da história: cuidado para não exagerar na dose, cortando itens que podem afetar ainda mais o moral da tropa. Economia não é sinônimo de avareza, mesquinharia e sovinice. Pare e pense se tomaria a mesma atitude em sua casa, com seus familiares.

3 – Como já dizia Maquiavel: quando praticar o mal, fazê-lo de uma vez só. Um exemplo interessante: a Caterpillar, em Piracicaba, foi eleita a melhor empresa para se trabalhar, no ano seguinte em que executou o maior plano de demissões de sua história. Não obstante a dor intensa pela perda dos colegas, a tropa que restou não tinha a incerteza de ser o próximo, o que criaria um clima de desconfiança e medo eternos. Vários demitidos retornaram à empresa após a crise, corroborando a história de respeito e transparência.

4 – Os mais novos talvez não se lembrem do desenho animado Lippy & Hardy, de Hanna Barbera. Em suma, havia um leão chamado Lippy, o qual vivia elaborando planos mirabolantes para se darem bem, e uma hiena pessimista cujo nome era Hardy, a qual nunca acreditava que teriam sucesso, proferindo sua célebre frase: Oh céus! Oh vida! Oh Azar!. Moral da história: seja mais Lippy e menos Hardy, evitando comentários sobre a situação da empresa em todas as apresentações, reuniões e conversas informais no cafezinho. Xô Hardy!

5 – Apesar da pieguice dos livros tipo Bombril: 1.001 viagens, livros, vinhos e filmes para se conhecer, ler, beber e assistir antes de morrer, li um exemplar denominado 1.001 maneiras de premiar seus colaboradores do americano Bob Nelson. Em épocas de promoções congeladas e bônus magros ou inexistentes, utilizar-se da criatividade para incentivar sua equipe gastando pouco ou nada pode ter um poderoso efeito. Um bilhete, um bombom, um jantar com a família ou um simples telefonema de agradecimento. Tente e verá os resultados.

6 – Mais uma história. Lembro quando estava no exército que uma das atividades que mais me frustravam era retirar manualmente, ervas daninhas que cresciam entre os paralelepípedos. Era carinhosamente apelidada de ferrinho, devido a ferramenta de trabalho utilizada. A diversão começava em geral no final do dia, quando o trabalho diário havia terminado. Moral da história: não invente atividades sem valor agregado para preencher o tempo ocioso. Você poderá frustrar e matar o moral e a iniciativa de seus colaboradores.

Enfim, apesar das dicas e conselhos a princípios simples e óbvios, já presenciei muitos empresários e gestores adotando posturas pouco ortodoxas em momentos críticos como o que estamos passando. Nunca é demais relembrar que por trás dos crachás há pessoas com famílias, compromissos, sonhos e sentimentos. Desta maneira, transparência e respeito devem guiar as decisões, mesmo que duras e impopulares. Utilize sempre o principio da empatia, colocando-se nos sapatos dos outros, evitando clima de massacre de serra elétrica ou sexta-feira 13.

Por Marcos Morita

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.