facebooktwitterlinkedin

Felipão: como o mundo corporativo suporta as pressões?

Terminamos a semana com a frase, agora célebre, de Luiz Felipe Scolari: “Se não tiver pressão quem joga futebol, então é melhor ir trabalhar no Banco do Brasil…”, mencionando a obrigação da equipe em trazer o caneco na Copa do Mundo de 2014, atuando em casa. Utilizada como âncora em diversos programas de rádio e TV e comentada em inúmeras redes sociais, a frase fez com que o técnico se desculpasse ao presidente da instituição, causando mal estar entre a aguerrida categoria dos bancários.

Não obstante a qualidade do atendimento que em algumas agências e instituições ainda deixam a desejar, o fato é que o mundo corporativo não é mais como era antigamente, parodiando Renato Russo. Cumprimento de metas, prazos apertados, concorrência crescente, produtos made in China, demissões em massa e bônus por desempenho, passaram a fazer parte do dia a dia de presidentes a operários, mudando apenas o escopo e o impacto das decisões, além do contracheque.

Apesar de a pressão estar presente em praticamente todos os setores e atividades, basta imaginar quantos profissionais estão envolvidos em seu dia a dia: motoristas de ônibus e táxis, médicos, dentistas, atendentes, vendedores, balconistas, cozinheiros, mecânicos, professores, advogados, consultores e até bancários. Colocarei meu foco no mundo corporativo, sugerindo algumas dicas que poderão atenuar a pressão exercida pelo sistema, em qualquer nível.

Cargos operacionais costumam ter prazos mais apertados, atividades diárias ou mesmo horários para terminar determinada tarefa. Outras, mais gerenciais e de planejamento, podem trabalhar com datas mais elásticas, trimestrais, mensais ou semanais, podendo alocar sua carga de trabalho. Isto de nada atenua a pressão, a qual virá em doses homeopáticas ou alopáticas.

Sempre atuei em cargos ligados direta ou indiretamente à área comercial, na qual o fator pressão é bastante presente e em grande parte, causado pelo próprio modo como atua. Vendedores costumam trazer grande parte de sua receita na segunda quinzena ou em muitos casos, na última semana do mês. Sazonal ou não, o fato é que este comportamento gera estresse e pressão para todos os envolvidos: marketing, produção, logística, financeiro, faturamento e expedição.

Em todas as empresas na quais passei, sempre tive como meta trabalhar menos e de maneira mais inteligente, o que está intimamente ligado à redução de pressão. Imagine o último dia de faturamento em uma empresa: corre-corre, gritaria, pedidos de última hora, erros de faturamentos, almoços na baia, pau no sistema, horas extras, pizzas à noite, entregas após o expediente. Não tem como imaginar vida inteligente nesta balbúrdia.

Uma saída está na expressão: >IPO = <Pressão, cujo objetivo em meu caso era tornar a última semana tão ou mais tranquila como as demais, o que poderia ser medido por meio do horário de saída dos envolvidos. Vejamos como implantá-la.

Inteligência: avaliem de maneira ampla e profunda os principais fluxos de atividade de sua área, envolvendo todos os colaboradores, os quais sabem como ninguém, os detalhes dos processos. Mapeie e liste os eventuais pontos de criação de pressão: excesso, sobrecarga e retrabalho, gerando listas de sugestões através de grupos menores, utilizando técnicas de brainstorming.

Planejamento: com um primeiro esboço, comunique às demais áreas envolvidas e obtenha o apoio da alta direção, essenciais para evitar os sabotadores. O próximo passo é criar um cronograma realista e desafiador para os principais projetos, com responsáveis e responsabilidades claras e bem definidas. Delegue e forneça subsídios materiais e financeiros para que possam atingí-las.

Organização: envolva os colaboradores, criando indicadores individuais ou em grupo que possam ser medidos e acompanhados, como por exemplo, uma ferramenta tipo dashboard ou painel de controle. Avalie, comparando o realizado versus o previsto. Incentive e premie as melhores práticas, discutindo os impactos na redução da pressão. Periodicamente repita o processo, aperfeiçoando-o ainda mais para aumenta o índice IPO.

Apesar de parecer demasiadamente simples, o método tem se mostrado bastante eficaz, fazendo com que haja vida além do crachá. Neste tempo extra, sugiro que encontre outra atividade que lhe dê prazer, dedique mais tempo à família, cuide de sua saúde, semeie amizades ou simplesmente não faça nada. Caso tenha dúvidas do que fazer com o ócio e o tempo livre, pergunte ao Felipão.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Deixe uma resposta