facebooktwitterlinkedin

Governo Dilma: o modelo de chefiar do mundo corporativo

Uma pesquisa realizada pelo IBOPE na semana passada apresentou um alto grau de aprovação à presidente Dilma Rousseff, cujo índice consegue ser ainda maior que o de seu antecessor, considerando o segundo ano de mandato. Não obstante a correlação entre situação econômica e resultado da aprovação, é surpreendente, considerando que até pouco tempo a capacidade de liderança de Dilma era ainda uma incógnita. As atitudes frente aos escândalos, a demissão de ministros, o jogo duro e às vezes truculento com o congresso, demonstra uma nova maneira de chefiar.

 

Passada a fase de comparação, característico quando há troca de comando, a gestão da presidente começa a tomar forma. Conviver com estilos tão diversos como Dilma e Lula têm sido um desafio a assessores, ministros, parlamentares, situação e principalmente oposição. Face ao exposto, gostaria de elencar alguns modelos de chefias que pude presenciar em minha carreira, assim como maneiras para melhorar a convivência no dia a dia. O primeiro estilo será o brucutu, seguido pelo teflon. Qualquer semelhança é mera coincidência.

 

O brucutu: também conhecido como trator, não aceita desculpas, atrasos ou trabalhos de má qualidade. Com temperamento forte e genioso, utiliza argumentos convincentes e às vezes apelativos, muitas vezes humilhando os membros da equipe. Estar sempre pronto, ter os resultados na ponta da língua, entregar as atividades dentro do prazo e nunca, jamais tentar enrolá-lo, poderá ajudá-lo ou alongar sua permanência nesta difícil relação.

 

O teflon: assim como o antiaderente homônimo, nada de ruim ou negativo consegue grudar em sua imagem, seu maior patrimônio. Liso como um quiabo ou bagre ensaboado, se desvencilha com facilidade de situações complicadas, tendo sempre um discurso ou resposta pronta. Para salvar sua pele, não titubeia em colocar terceiros em xeque. Uma boa sugestão é documentar e registrar o combinado, não deixando o dito pelo não dito.

 

O tipo estrela: falante, extrovertido e um tanto egocêntrico, necessita da aprovação e admiração de seus subordinados. Não raro, costuma perder tempo com autoafirmações ou brincadeiras que o tenham como centro das atenções. Começar a conversa elogiando-o ajudará a amolecê-lo. Como perderá muito tempo se vangloriando, seja breve e sintético, sabendo que o foco não estará no problema apresentado.

 

O democrático: às vezes inseguro, prefere escutar a opinião da equipe a decidir sozinho. Considerada como virtude, pode no médio prazo se transformar em ponto negativo, devido ao envolvimento da equipe em todos os assuntos. Ajudá-lo com dados secundários e informações de mercado, assim como sugerir a utilização de ferramentas como redes colaborativas, podem acelerar as decisões e reduzir o impacto na produtividade do grupo.

 

O paizão: como uma galinha, protege sua prole, preferindo tê-la embaixo de suas asas. Gosta que a equipe se comporte como uma família, evitando ao máximo o conflito ou situações que venham a causá-lo. Apesar de confortável, pertencer a esta equipe pode gerar acomodação a seus integrantes. Combinar antecipadamente com o grupo decisões difíceis antes de apresentá-la a chefia, pode ser uma estratégia inteligente.

 

O bomba relógio: desconhece a diferença entre as palavras importante e urgente. Costuma literalmente sentar nos problemas deixando-os estourarem para que então saia em sua resolução. Costuma enlouquecer a equipe, fazendo de sua desorganização a prioridade do time. Organização e métodos são as chaves para colocar um pouco de sanidade nesta situação, os quais deverão ser desenvolvidos e implantados majoritariamente pela equipe.

 

Diferentemente do ditado de que cada povo tem o governo que merece, em geral não escolhemos a chefia com a qual trabalhamos. Em épocas de fusões, aquisições e empregos de curta e média duração, convivemos com os mais diversos estilos de gestão. Entendê-los, respeitá-los e saber tirar o melhor de cada um, mesmo que pareça impossível, pode ser mais efetivo que tentar encontrar o modelo que melhor se adéque ao seu perfil. Infelizmente o mesmo não poder ser dito ou feito com relação aos governantes e parlamentares, cuja saída é mudar de estação, trocar o canal, ou então aguardar as próximas eleições.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Deixe uma resposta