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O acordo em Copenhagen

Apesar do impasse nas negociações, Copenhagen  será um marco na história. Rio e Kyoto também tiveram seu papel, porém o aquecimento global era ainda apenas uma ameaça. De lá para cá as previsões se concretizaram numa velocidade impressionante.

Caso um acordo não seja assinado, talvez possamos esperar pelo próximo encontro em 2025, o que acredito não seja a melhor saída. Como num jogo de futebol, já estamos na prorrogação.

Os governos discutem metas para redução de emissões de carbono, financiamento para os países subdesenvolvidos, preservação das florestas, energias renováveis. Apesar do foco nos chefes de estado, a responsabilidade deve ser compartilhada entre empresários e cidadãos, uma vez que fazemos parte do mesmo sistema.

As corporações, para se adaptar aos novos tempos, criam produtos menos agressivos ao meio ambiente: carros menos poluentes e econômicos, eletrônicos que consomem menos energia, sacolas plásticas retornáveis.

Reciclar o lixo, pilhas, cartuchos de impressora, baterias de celular, óleo de cozinha, fechar a torneira, apagar a luz e consumir orgânicos são atitudes que competem aos moradores do planeta, sejam eles cidadãos comuns, empresários ou governantes.

Apesar das inúmeras vertentes possíveis para tentar solucionar o problema – borrifar vapor de água salgada sobre os oceanos, jogar toneladas de dióxido de enxofre no céu, plantar árvores no deserto – utilizarei o recorte da teoria dos jogos para tentar entender o impasse nas negociações.

Exemplos desta teoria são o Dilema do Prisioneiro e o Equilíbrio de Nash. O primeiro supõe que cada jogador queira aumentar sua própria vantagem, sem se importar com o resultado do outro. Já o Equilíbrio de Nash, apresentado no filme Uma Mente Brilhante, demonstra que os jogadores obteriam um resultado melhor caso cooperassem.

Os países têm desconfiança mútua. Entretanto, caso o Brasil decida reduzir as emissões e o desmatamento na Amazônia, quem garantirá que milhares de toneladas de carvão não serão queimados do outro lado do globo, suportando taxas de crescimento de dois dígitos ao ano, inundando o país com produtos Made in China?

As empresas por sua vez têm investido em inovações, consumindo tempo e dinheiro em tecnologias ainda incertas sob o aspecto comercial. Como os produtos verdes ainda não possuem escala e preço atrativo, precisam continuar oferecendo os atuais, mesmo que pouco sustentáveis, com o risco dos ataques dos concorrentes.

Entre os cidadãos comuns, há uma parcela cada vez maior que se preocupa com o meio-ambiente, adotando atitudes sustentáveis. Por outro lado, as últimas enchentes demonstraram que outra parte ainda continua jogando lixo nas ruas e córregos, prejudicando a todos.

Estes exemplos reais demonstram que estamos longe do Equilíbrio de Nash, baseado na cooperação. Como mencionado, os noventa minutos já se acabaram. Faltam agora dois tempos de quinze, apenas.

Podemos repensar o modelo atual, levando a decisão para os pênaltis ou continuar com o Dilema do Prisioneiro, arriscando o gol de ouro e a morte súbita. Infelizmente não há como começar o jogo novamente.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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