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Páscoa: A sazonalidade dos negócios

Estamos a menos de uma semana da páscoa. Época de comer bacalhau, almoçar em família e esconder ovos das crianças. Porém, diferente do passado, quando se lambuzavam de chocolate, as crianças de hoje se divertem brincando com pequenas quinquilharias made in china encontradas em ovos temáticos. Hello Kitty, Ben 10, Barbie, Moranguinho e High School estão entre os mais desejados.

Ovos são abertos em disparada pelo público mirim no afã de encontrar seus objetos de desejo. Sorte dos crescidinhos, os quais podem se deliciar saboreando o que restou: o chocolate. Apesar da demanda por peixes e principalmente bacalhau, a grande sensação foi e continua a ser o lépido coelho da páscoa. Nas versões lisas, brancas, recheadas, crocantes, ao leite, diet e até light.

Os tetos forrados dos supermercados servirão de campo de batalha, à medida que o domingo se aproxima. Segunda-feira pela manhã é dia de desmontar as estruturas de madeira e recolher os ovos quebrados. Enquanto o varejo e a indústria comemoram os resultados, mulheres arrependidas queimam as calorias malhando na academia.

Apesar das críticas, as datas comemorativas ajudam o comércio e a indústria a cumprirem suas metas de vendas, gerando contratações e empregos temporários. No mundo dos negócios há diversos segmentos em que grande parte do faturamento se concentra em determinadas estações do ano ou em dias específicos. Além do chocolate, panetone no natal e sorvetes nas férias de verão.

Para enfrentar a sazonalidade diversificam com produtos e marcas relacionadas. Panetones viram Colomba Pascal e mini bolos. Chocolates dão lugar a biscoitos recheados e confeitos. Marcas conhecidas de chocolate viram sorvetes e vice-versa.

Produtos sazonais requerem uma dose extra de planejamento às empresas. Chegar com antecedência às gôndolas é apenas parte do processo. Perecíveis, perdem rapidamente seu valor logo após a passagem da data, apesar de próprios ao consumo. Sua falta levará à compra do produto concorrente.

Manter um caixa equilibrado é também função desafiadora a este tipo de negócio. Imagine a pousada na praia que durante mais da metade do ano luta para cobrir seus custos fixos. A receita extra, ganha na temporada, deverá ser utilizada para pagar salários e investimentos para o próximo ano. Eventos corporativos, esportes radicais e grupos é uma boa saída.

Aos empreendedores de plantão, verifiquem não apenas o valor investido e o período de retorno. Investimentos e índices a princípio interessantes podem ser aniquilados pelo efeito da sazonalidade. Vejamos algumas dicas.

  • – Faça um fluxo de caixa mensal com entradas e saídas. Números consolidados podem esconder necessidades de capital inesperadas.
  • – Analise a possibilidade de expandir seu negócio para atividades correlatas, seja ele um produto ou serviço. Ser refém de datas ou estações específicas não é uma boa estratégia.
  • – Avalie seu perfil empreendedor. Trabalhar dia e noite enquanto todos descansam, e descansar por longos períodos enquanto todos trabalham, exige preparação e compreensão por parte da família e amigos.

Um alento aos empreendedores que mesmo assim insistirem em algo sazonal.  Apesar do avanço das tecnologias, o imaginário das crianças é ainda habitado por personagens da época em que a graça do ovo estava no chocolate.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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