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Zezé Di Camargo e Luciano: as lições da maturidade

A sucessão de comentários infelizes e desencontrados da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, ocorrida em Curitiba, é um bom exemplo da maturidade que devem ter profissionais dos mais variados setores, estejam eles no esporte, política, música ou no mundo corporativo. É preciso aprender a lidar com o declínio e o ostracismo, decorrentes da idade, troca de partidos, comissões de ética parlamentar, fusões e aquisições, processos de downsizing ou perda de popularidade.

Jogadores de prestígio em gramados europeus terminam sua carreira em estádios mambembes. Executivos mudam de grandes multinacionais para nacionais de pequeno porte. Presidentes, governadores, prefeitos e ultimamente ministros tornam-se consultores e assessores. Cantores outrora globais se contentam com aparições em programas tipo B. O sucesso eterno até existe, restritos aos “reis” ou “rainhas” em suas modalidades.

Concentrar-me-ei no mundo corporativo, no qual já pude visualizar e sentir na pele os efeitos mencionados, porém acredito que os exemplos possam ser facilmente transferidos aos demais campos, uma vez que a matéria-prima, seres humanos, continua a mesma.

Com dinheiro e tempo: restrito aos presidentes ou grandes executivos, os quais por exigências do estatuto precisam deixar seus cargos ao atingir determinada idade. Os bônus e ações ganhos durante a longa carreira deixam os problemas financeiros de lado, assim como o extenso networking ajuda a encontrar outra atividade, as quais puderam ser trabalhadas em sessões de aconselhamento durante seu processo programado de desligamento.

Com tempo e sem dinheiro: profissionais que não conseguiram juntar o suficiente para uma aposentadoria tranquila, precisam se reinventar. Com idade avançada para os padrões vigentes das empresas, porém ainda com muita disposição e energia, muitas vezes são preteridos em processos seletivos, apesar de se enquadrarem em todos os requisitos solicitados. Experientes em sua área de atuação, não raro tornam-se consultores.

Sem dinheiro nem tempo: o mercado ultracompetitivo tem feito com que as empresas revejam suas estratégias com uma periodicidade cada vez maior. Troca de cadeiras e dispensa de funcionários com alto potencial tem se tornado lugar comum na busca por melhores resultados, estejam eles no aumento de receitas ou na diminuição das despesas. Em geral interrompidas sem aviso prévio, precisam de foco e concentração para retomar suas carreiras.

Os profissionais devem preocupar-se não apenas em garantir seu emprego, o que já é uma tarefa hercúlea, mas principalmente em manter sua empregabilidade, seja através da educação continuada, networking, hobbies ou desenvolvimento de outras competências necessárias para a recolocação ou um eventual plano B.

Em épocas de vários empregos durante a carreira, confundir estar com ser, misturando as entidades jurídicas e físicas pode ser muito doloroso num eventual declínio.

Enfim, jogadores e cantores de renome não recorrem ao INSS. Apesar da carreira curta, costumam amealhar pequenas fortunas em salários, patrocínios ou cachês. Alguns políticos também se encaixam neste grupo, cujas fontes de renda são muitas vezes o motivo de seu desligamento prematuro.

Voltando ao teatro Guaíra, creio que a dupla sertaneja não precise se preocupar em retornar a condição de Filhos de Francisco, porém que encontrem outros caminhos, caso queiram voltar à ribalta. A liderança no Twitter esta semana; já conseguiram.

escrito por Marcos Morita

Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

Sobre o Autor: Marcos Morita

Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.

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